Você que esqueceu de ser garota e ainda está descobrindo como é que isso realmente funciona. Tenho uma séria dificuldade em aceitar que hoje, cronologicamente e biologicamente falando, não sou mais uma garota - não que algum dia eu tenha sido uma de fato - e que todas aquelas coisas que vêm junto com o 'olha-você-já-é-bem-grandinha-viu-tá-na-hora-de-ser-mulher-de-verdade' estão a minha espreita constantemente como enfim, fazer aquelas coisas que as mulheres fazem: ir ao salão no fim de semana, falar mal dos homens, criticar as amigas(com ou sem algum fundamento), serem delicadas, gostarem de ir às compras - eu tenho verdadeiro PÂNICO disso, devo confessar - e... outras coisas que olha, eu realmente não sei.
Então eu me refugiei, e não tenho ideia se essa é a palavra certa para explicar o que fiz de fato. Agora é a parte da história em que eu conto uma sucessão de fatos BEM tristes que vão te emocionar e provavelmente você não conseguirá sequer terminar o texto antes é claro, de puxar seu lencinho de papel (papel higiênico é super válido, ok?). Caso o seu coração, no entanto, seja de pedra e todo o drama adolescente ainda não o pegou de jeito, vamos ao roteiro da minha vida. Que não é nada emocionante, devo adverti-lo, mas quem sabe (???) o texto possa fazer você se sentir melhor do que eu na qualidade de escrita, no encadeamento de ideias e na auto-estima refinada.
Veja bem, eu sou a irmã do meio. Se essa sutil informação ainda não despertou nenhum sentimento de compaixão no seu coraçãozinho, saia daqui, esse blog não é lugar para você. Vá a livraria mais próxima da sua casa e compre um exemplar de 'O alquimista' do Paulo Coelho e vá se auto-conhecer (ou se suicidar, whatever). Olá p/ você que ficou e se sensibilizou com meu fardo, gostei disso. Eu seguirei você no twitter caso você chegue ao fim do post e deixe um comentário falando sobre como ele mudou sua vida. Prometo. Ok, here we go.
Ser irmã do meio é como ser o X dos intervalos fechados das inequações. Você que é bom de matemática já me entendeu né campeão? Piscada sagaz p/ você. Você que não entendeu, te dou um desconto se estiver no fundamental I e essas coisas feias e desnecessárias ainda não fizerem parte do seu mundo cor-de-rosa. Você que já ouviu falar disso alguma vez na vida mas não sabe exatamente o que é: VÁ ESTUDAR e volte aqui quando souber do que se trata. Assim toda a besteira lida aqui será contrabalanceada com o pouco de conhecimento que você adquirir.
Voltando, você é o X entre 2 intervalos fechados, um p/ mais e outro p/ menos. O seu irmão mais velho, no meu caso irmã, é menor ou igual você. Sim, sim, ele é menor que você. Ora, trata-se de um raciocínio bem sagaz devo dizer. Imagine você que seu irmão é um fanfarrão daqueles bem virados mesmo, sua mãe vive histérica por causa dele e não tem ideia de como fazer ele voltar para o caminho da luz, sua avó então, adora compará-lo com você e seu outro irmão mais novo que 'nunca deram trabalho nessa vida' ( você sempre estufa o peito nessa hora, né garotão?). Seu irmão mais velho é o malucão, o problemático, enfim, o que vai levar o nome da família para o lixo. Você é maior ou igual a ele, mas nos filmes americanos a gente sabe que o do meio é SEMPRE maior/igual não há discussão.
Sorte igual você não tem em relação ao seu irmão mais novo. Ele é fofo, ele foi baby pampers, ele aprendeu a andar sozinho, a 1° palavra que ele disse não foi uma palavra, foi uma frase inteirinha, em FRANCÊS: 'liberté, igualité, fraternité' ele disse, segurando entre as mãos um livro de história sobre a Revolução Francesa. Ele é o caçula. E você, meu caro já foi isso uma vez na vida e sabe como é perfeito, mas seu reinado acabou e agora as atenções dos seus pais e de toda a família estão voltadas para o seu irmão mais velho problemático e o seu irmão mais novo que aprendeu a ler sozinho.
E é exatamente assim que as coisas são na minha vida.
FIM
Tá, não é BEM assim e essa breve historinha não é um curta da minha vida. Na verdade isso me parece mais com um filme hollywoodiano barato do que especificamente a realidade, mas para mim um pouquinho de drama besta é de extrema necessidade no inicio de um blog e se ele serve p/ encher linguiça então MELHOR AINDA.
A minha infância realmente foi muito feliz e divertida como a descrição fez questão de enfeitar, e eu sou MESMO irmã do meio e me sinto DE FATO como o x de uma inequação mas não necessariamente por causa da minha família ou do perfil dos meus irmãos ( que são uma garota e um garoto supimpas, pode confiar) mas sim como algo que vem unicamente de mim, o que não é algo facilmente explicável.
Dadas os devidos esclarecimentos peço que por favor, não esperem nada desse blog. Eu mesma espero que ele dê em absolutamente nada. Você leitor esperto e cheio de malícia deve estar discordando de mim e pensando consigo mesmo no fundinho do seu coração maldoso 'babaca, ninguém cria um blog sem propósito' e eu devo concordar com você. NINGUÉM faz isso mesmo, no entanto, também sou a favor daquela ideia de que fazer as coisas com comprometimento e por puro prazer são mais legais que criar expectativas acerca daquilo ou daquilo outro lá, porque isso me mantem com o pés no chão e essa pessoa aqui meu caro, já é por demais sonhadora, ela não deseja de forma algum subir de status e virar megalomaníaca.
Enfim, esse blog existe só p/ eu ser feliz, o que infelizmente, bem infelizmente mesmo não é recíproco ao leitor. Afinal de contas, você já viu o tamanho desse texto? Sim, eu falo DESESPERADAMENTE. E não é algo que pretendo mudar. Também não é algo que agradará a roqueiros e coloridos, por assim dizer. Então, se você gosta de ler e a fadiga não te carrega embora na metade de um texto por mais boring que ele seja, MI CASA SU CASA.
Ah e obrigada pela visita (ainda que a gente nunca mais se veja)