quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Coisas de mulherzinha

Você garota, que sempre se sentiu mal por enfim, ser garota e nunca entendeu por que cágas d'água a natureza escolheu fazer você assim, como posso dizer? Ah sim, garota. E você cresceu, brincando descalça, jogando futebol com a molecada da sua rua, curtindo campeonatos de chucho com tabelas e jogadas altamente elaboradas por seu tio caçula, você que tinha pião, empinava pipa (e roubava as que eventualmente caiam no seu quintal e em cima do telhado da sua casa), você que cuidou de uma preguiça machucada que misteriosamente apareceu na cerca do quintal da sua residência, você que comia manga verde com sal, vinagre, pimenta do reino, limãozinho e toda uma sorte de especiarias, você que dominava com maestria a arte de tocar campainhas e sair correndo enquanto tomava banho nas chuvas de verão da sua pacatazinha cidade do interior, só para depois ir pular do cais do rio com toda aquela adrenalina bestial que só os seu 10 anos e alguns quebrados poderiam te proporcionar.

Você que esqueceu de ser garota e ainda está descobrindo como é que isso realmente funciona. Tenho uma séria dificuldade em aceitar que hoje, cronologicamente e biologicamente falando, não sou mais uma garota - não que algum dia eu tenha sido uma de fato - e que todas aquelas coisas que vêm junto com o 'olha-você-já-é-bem-grandinha-viu-tá-na-hora-de-ser-mulher-de-verdade' estão a minha espreita constantemente como enfim, fazer aquelas coisas que as mulheres fazem: ir ao salão no fim de semana, falar mal dos homens, criticar as amigas(com ou sem algum fundamento), serem delicadas, gostarem de ir às compras - eu tenho verdadeiro PÂNICO disso, devo confessar - e... outras coisas que olha, eu realmente não sei.

Então eu me refugiei, e não tenho ideia se essa é a palavra certa para explicar o que fiz de fato. Agora é a parte da história em que eu conto uma sucessão de fatos BEM tristes que vão te emocionar e provavelmente você não conseguirá sequer terminar o texto antes é claro, de puxar seu lencinho de papel (papel higiênico é super válido, ok?). Caso o seu coração, no entanto, seja de pedra e todo o drama adolescente ainda não o pegou de jeito, vamos ao roteiro da minha vida. Que não é nada emocionante, devo adverti-lo, mas quem sabe (???) o texto possa fazer você se sentir melhor do que eu na qualidade de escrita, no encadeamento de ideias e na auto-estima refinada.

Veja bem, eu sou a irmã do meio. Se essa sutil informação ainda não despertou nenhum sentimento de compaixão no seu coraçãozinho, saia daqui, esse blog não é lugar para você. Vá a livraria mais próxima da sua casa e compre um exemplar de 'O alquimista' do Paulo Coelho e vá se auto-conhecer (ou se suicidar, whatever). Olá p/ você que ficou e se sensibilizou com meu fardo, gostei disso. Eu seguirei você no twitter caso você chegue ao fim do post e deixe um comentário falando sobre como ele mudou sua vida. Prometo. Ok, here we go.

Ser irmã do meio é como ser o X dos intervalos fechados das inequações. Você que é bom de matemática já me entendeu né campeão? Piscada sagaz p/ você. Você que não entendeu, te dou um desconto se estiver no fundamental I e essas coisas feias e desnecessárias ainda não fizerem parte do seu mundo cor-de-rosa. Você que já ouviu falar disso alguma vez na vida mas não sabe exatamente o que é: VÁ ESTUDAR e volte aqui quando souber do que se trata. Assim toda a besteira lida aqui será contrabalanceada com o pouco de conhecimento que você adquirir.

Voltando, você é o X entre 2 intervalos fechados, um p/ mais e outro p/ menos. O seu irmão mais velho, no meu caso irmã, é menor ou igual você. Sim, sim, ele é menor que você. Ora, trata-se de um raciocínio bem sagaz devo dizer. Imagine você que seu irmão é um fanfarrão daqueles bem virados mesmo, sua mãe vive histérica por causa dele e não tem ideia de como fazer ele voltar para o caminho da luz, sua avó então, adora compará-lo com você e seu outro irmão mais novo que 'nunca deram trabalho nessa vida' ( você sempre estufa o peito nessa hora, né garotão?). Seu irmão mais velho é o malucão, o problemático, enfim, o que vai levar o nome da família para o lixo. Você é maior ou igual a ele, mas nos filmes americanos a gente sabe que o do meio é SEMPRE maior/igual não há discussão.

Sorte igual você não tem em relação ao seu irmão mais novo. Ele é fofo, ele foi baby pampers, ele aprendeu a andar sozinho, a 1° palavra que ele disse não foi uma palavra, foi uma frase inteirinha, em FRANCÊS: 'liberté, igualité, fraternité' ele disse, segurando entre as mãos um livro de história sobre a Revolução Francesa. Ele é o caçula. E você, meu caro já foi isso uma vez na vida e sabe como é perfeito, mas seu reinado acabou e agora as atenções dos seus pais e de toda a família estão voltadas para o seu irmão mais velho problemático e o seu irmão mais novo que aprendeu a ler sozinho.

E é exatamente assim que as coisas são na minha vida.

FIM

Tá, não é BEM assim e essa breve historinha não é um curta da minha vida. Na verdade isso me parece mais com um filme hollywoodiano barato do que especificamente a realidade, mas para mim um pouquinho de drama besta é de extrema necessidade no inicio de um blog e se ele serve p/ encher linguiça então MELHOR AINDA.

A minha infância realmente foi muito feliz e divertida como a descrição fez questão de enfeitar, e eu sou MESMO irmã do meio e me sinto DE FATO como o x de uma inequação mas não necessariamente por causa da minha família ou do perfil dos meus irmãos ( que são uma garota e um garoto supimpas, pode confiar) mas sim como algo que vem unicamente de mim, o que não é algo facilmente explicável.

Dadas os devidos esclarecimentos peço que por favor, não esperem nada desse blog. Eu mesma espero que ele dê em absolutamente nada. Você leitor esperto e cheio de malícia deve estar discordando de mim e pensando consigo mesmo no fundinho do seu coração maldoso 'babaca, ninguém cria um blog sem propósito' e eu devo concordar com você. NINGUÉM faz isso mesmo, no entanto, também sou a favor daquela ideia de que fazer as coisas com comprometimento e por puro prazer são mais legais que criar expectativas acerca daquilo ou daquilo outro lá, porque isso me mantem com o pés no chão e essa pessoa aqui meu caro, já é por demais sonhadora, ela não deseja de forma algum subir de status e virar megalomaníaca.

Enfim, esse blog existe só p/ eu ser feliz, o que infelizmente, bem infelizmente mesmo não é recíproco ao leitor. Afinal de contas, você já viu o tamanho desse texto? Sim, eu falo DESESPERADAMENTE. E não é algo que pretendo mudar. Também não é algo que agradará a roqueiros e coloridos, por assim dizer. Então, se você gosta de ler e a fadiga não te carrega embora na metade de um texto por mais boring que ele seja, MI CASA SU CASA.

Ah e obrigada pela visita (ainda que a gente nunca mais se veja)

4 comentários:

  1. Suzy, vc criou um blog =O
    Amei (L) Sua escrita melhorou muito, adorei o texto! Pode contar que eu gosto de ler suas 'tagarelices' = )
    =*

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  2. como não ler um Blog da Suzy ?
    se você não me conhecesse, eu iria pedir pra tu me seguir no twitter mesmo, mas como já nos seguimos, tá de boa na lagoa ;D

    beijo, voltarei sempre

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  3. teu blog ta PERFEITO !! AMEEEI !

    PS.: Eu REALMENTE me assustei com o tamanho do texto mas assim que eu comecei a ler, não quis parar mais ! :O muito bom mesmo !

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