sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

”What are men compared to rocks and mountains?”


Se você perguntasse há exatamente um mês o que eu mais desejava nessa vida, certamente ouviria, em um certo tom de exagero, “FÉRIAS!”. Naquela época eu estava afogada em trabalhos, prazos e professores com cara de malvado me cobrando um milhão de trabalhos que eu, como boa procrastinadora que sou, adiei para última hora só para acrescentar uma dose de emoção. Passados os desesperos, com alguns fios de cabelos a menos e umas olheiras como provas cabais das noites mal dormidas, mergulhei no ócio de cabeça e nele ainda continuo de molho até março.

As festas de fim de ano chegaram implacáveis, com os clássicos de sempre : amigos secretos e piscas-piscas irritantes - por que ainda insistem em luzes piscando? Por que não investir em uma decoração que não consista em algum tipo de iluminação oscilando? – toda aquela atmosfera genuinamente brasileira com muita neve e lareira foi me envolvendo em uma felicidade infinita que só me fazia desejar a chegada do dia 02/01, quando tudo aquilo ia passar.

Passou. E foi aí que me dei conta: ai-meu-Deus-do-céu-não-planejei-minhas-férias-quero-morrer. A vontade de me sentir livre para não fazer nada me fez esquecer completamente de pensar no que fazer quando não tivesse nada para fazer (oi?). Meus DVDs, livros, CDs, toda uma "vida" deixada em São Luís e eu no interior, que apesar de ser uma graça de lugar, no quesito locadoras/livrarias/cinemas/artigos de primeira necessidade na vida de Suzanne/afins é desesperador. A solução foi encarar o sofá da sala com coragem e apostar no que a TV a cabo poderia me oferecer. Infelizmente fim de ano e fall season não combinam, destruindo todos os meus sonhos de ser feliz apenas com a TV...

A falta de opções me fez perceber que eu não havia pensado na mais óbvia das alternativas: viajar. A parte triste da história é: eu não viajo. E quando eu digo que não viajo estou sendo literal, salvo as viagens inevitáveis no eixo São Luís (onde moro) e Pindaré Mirim (onde a minha família vive) eu realmente não sei o que existe no além-mar maranhense . O alerta de crise existencial piscou loucamente durante essa constatação, algo bem próximo do “ tenho 19 anos de idade e não conheço sequer o meu estado direito, que tragédia...” e uma série de outras lamentações que não cabem aqui mas que podem facilmente ser encontradas em um filme do Almodóvar ou em alguma daquelas novelas mexicanas que todos nós amamos.

Só que eu não contava com a astúcia da minha irmã que fofamente convidou meu irmão e eu para viajar pelo estado a esmo, só para saber no que ia dar. Foi a proposta mais linda desse início de ano e meio que resgatou a esperança de que, quem sabe nesse ano novo o mundo possa estar desesperadamente à minha espera, pronto para me conhecer e para sabe-se lá o que mais?

O bom disso tudo é ver como é divertido sair de carro por aí, só entre irmãos, vendo coisas bonitas e outras nem tanto, conhecendo lugares que as vezes não parecem sequer pertencer ao nosso estado e outros que são genuinamente maranhenses. Vai me dizer que você pensa em montanhas quando pensa em Maranhão? Experimenta ir até o sul. Quando você chegar a Carolina, vai ver uma das imensidões rochosas mais lindas, arrisco dizer sem conhecer, do mundo. Nossa viagem vai terminar lá e eu já penso, no meio da minha empolgação , que eu poderia me dar ao luxo de fingir, pelos poucos dias que vou passar por lá, que estaria em meio às montanhas do norte da Inglaterra, como uma certa Elizabeth Bennet muito bem o faria. Afinal, “o que são os homens comparados a rochas e montanhas?”.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Foi bom enquanto durou


Essa é mais uma história de amor que caminhou fatalmente para o fracasso, o abismo da esperanças desfeitas e todo a tragédia grega que deriva dessas paixões fulminantes que nos arrebatam. Espero que seus corações estejam preparados para tamanha tristeza.


Foi tudo tão rápido. Nossa relação começou em um pequeno clique, e em menos de 5 minutos já éramos íntimos. Você era meu companheiro a maior parte do tempo, minhas madrugadas, meus fins de semana , meus feriados, todo o meu tempo livre e até o tempo que eu não tinha, TUDO era oferecido a você.
Ouvi os melhores discos, descobri as melhores bandas, li os livros mais interessantes, assisti aos filmes mais geniais e aprendi milhares de coisas novas e surpreendentes graças a você. Parecia que aquela felicidade não ia ter fim, e afinal de contas por que haveria de ter?Éramos felizes 100% do tempo, tínhamos tudo o que queríamos e nada mais a desejar. Eu tinha você, você tinha a mim e a entrada USB do meu computador.
Só que de repente e não mais que de repente, como que por obra de uma queda ou um derramamento de algum líquido - desculpe-me querido, sou um desastre - paraste de te comportar como outrora e só tínhamos algum resquício do que eras em alguns eventos isolados, vez por outra, quando te tratávamos com jeitinho ou fazíamos alguma artimanha com a tal da entrada USB.
E o fim chegou implacável e te reclamou p/ si. Desesperada eu recorri a todos: a operadora de celular, ao fabricante, ao Procon. Mas nada podia ser feito, estavas perdido, despedaçado, condenado ao fundo de uma gaveta, esquecido para sempre. Eras apenas uma sombra do modem lindo e maravilhoso que foste p/ mim em tempos mais felizes.
Tentei reconstruir minha vida, conhecer outros modems, experimentar novas conexões. De fato, utilizo uma nova internet, que no entanto, não chega aos teus pés em nenhum quesito e deve significamente em outros mais. Como cantam, "nada do que foi será do jeito que ja foi um dia, quem sabe se eu tiver um pouquinho de sorte, o verso do "tudo muda o tempo todo no mundo" me faça sorrir novamente e me devolva a minha velha e saudosa internet que ficou perdida nesse universo injusto de códigos binários e 3G's.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Coisas de mulherzinha

Você garota, que sempre se sentiu mal por enfim, ser garota e nunca entendeu por que cágas d'água a natureza escolheu fazer você assim, como posso dizer? Ah sim, garota. E você cresceu, brincando descalça, jogando futebol com a molecada da sua rua, curtindo campeonatos de chucho com tabelas e jogadas altamente elaboradas por seu tio caçula, você que tinha pião, empinava pipa (e roubava as que eventualmente caiam no seu quintal e em cima do telhado da sua casa), você que cuidou de uma preguiça machucada que misteriosamente apareceu na cerca do quintal da sua residência, você que comia manga verde com sal, vinagre, pimenta do reino, limãozinho e toda uma sorte de especiarias, você que dominava com maestria a arte de tocar campainhas e sair correndo enquanto tomava banho nas chuvas de verão da sua pacatazinha cidade do interior, só para depois ir pular do cais do rio com toda aquela adrenalina bestial que só os seu 10 anos e alguns quebrados poderiam te proporcionar.

Você que esqueceu de ser garota e ainda está descobrindo como é que isso realmente funciona. Tenho uma séria dificuldade em aceitar que hoje, cronologicamente e biologicamente falando, não sou mais uma garota - não que algum dia eu tenha sido uma de fato - e que todas aquelas coisas que vêm junto com o 'olha-você-já-é-bem-grandinha-viu-tá-na-hora-de-ser-mulher-de-verdade' estão a minha espreita constantemente como enfim, fazer aquelas coisas que as mulheres fazem: ir ao salão no fim de semana, falar mal dos homens, criticar as amigas(com ou sem algum fundamento), serem delicadas, gostarem de ir às compras - eu tenho verdadeiro PÂNICO disso, devo confessar - e... outras coisas que olha, eu realmente não sei.

Então eu me refugiei, e não tenho ideia se essa é a palavra certa para explicar o que fiz de fato. Agora é a parte da história em que eu conto uma sucessão de fatos BEM tristes que vão te emocionar e provavelmente você não conseguirá sequer terminar o texto antes é claro, de puxar seu lencinho de papel (papel higiênico é super válido, ok?). Caso o seu coração, no entanto, seja de pedra e todo o drama adolescente ainda não o pegou de jeito, vamos ao roteiro da minha vida. Que não é nada emocionante, devo adverti-lo, mas quem sabe (???) o texto possa fazer você se sentir melhor do que eu na qualidade de escrita, no encadeamento de ideias e na auto-estima refinada.

Veja bem, eu sou a irmã do meio. Se essa sutil informação ainda não despertou nenhum sentimento de compaixão no seu coraçãozinho, saia daqui, esse blog não é lugar para você. Vá a livraria mais próxima da sua casa e compre um exemplar de 'O alquimista' do Paulo Coelho e vá se auto-conhecer (ou se suicidar, whatever). Olá p/ você que ficou e se sensibilizou com meu fardo, gostei disso. Eu seguirei você no twitter caso você chegue ao fim do post e deixe um comentário falando sobre como ele mudou sua vida. Prometo. Ok, here we go.

Ser irmã do meio é como ser o X dos intervalos fechados das inequações. Você que é bom de matemática já me entendeu né campeão? Piscada sagaz p/ você. Você que não entendeu, te dou um desconto se estiver no fundamental I e essas coisas feias e desnecessárias ainda não fizerem parte do seu mundo cor-de-rosa. Você que já ouviu falar disso alguma vez na vida mas não sabe exatamente o que é: VÁ ESTUDAR e volte aqui quando souber do que se trata. Assim toda a besteira lida aqui será contrabalanceada com o pouco de conhecimento que você adquirir.

Voltando, você é o X entre 2 intervalos fechados, um p/ mais e outro p/ menos. O seu irmão mais velho, no meu caso irmã, é menor ou igual você. Sim, sim, ele é menor que você. Ora, trata-se de um raciocínio bem sagaz devo dizer. Imagine você que seu irmão é um fanfarrão daqueles bem virados mesmo, sua mãe vive histérica por causa dele e não tem ideia de como fazer ele voltar para o caminho da luz, sua avó então, adora compará-lo com você e seu outro irmão mais novo que 'nunca deram trabalho nessa vida' ( você sempre estufa o peito nessa hora, né garotão?). Seu irmão mais velho é o malucão, o problemático, enfim, o que vai levar o nome da família para o lixo. Você é maior ou igual a ele, mas nos filmes americanos a gente sabe que o do meio é SEMPRE maior/igual não há discussão.

Sorte igual você não tem em relação ao seu irmão mais novo. Ele é fofo, ele foi baby pampers, ele aprendeu a andar sozinho, a 1° palavra que ele disse não foi uma palavra, foi uma frase inteirinha, em FRANCÊS: 'liberté, igualité, fraternité' ele disse, segurando entre as mãos um livro de história sobre a Revolução Francesa. Ele é o caçula. E você, meu caro já foi isso uma vez na vida e sabe como é perfeito, mas seu reinado acabou e agora as atenções dos seus pais e de toda a família estão voltadas para o seu irmão mais velho problemático e o seu irmão mais novo que aprendeu a ler sozinho.

E é exatamente assim que as coisas são na minha vida.

FIM

Tá, não é BEM assim e essa breve historinha não é um curta da minha vida. Na verdade isso me parece mais com um filme hollywoodiano barato do que especificamente a realidade, mas para mim um pouquinho de drama besta é de extrema necessidade no inicio de um blog e se ele serve p/ encher linguiça então MELHOR AINDA.

A minha infância realmente foi muito feliz e divertida como a descrição fez questão de enfeitar, e eu sou MESMO irmã do meio e me sinto DE FATO como o x de uma inequação mas não necessariamente por causa da minha família ou do perfil dos meus irmãos ( que são uma garota e um garoto supimpas, pode confiar) mas sim como algo que vem unicamente de mim, o que não é algo facilmente explicável.

Dadas os devidos esclarecimentos peço que por favor, não esperem nada desse blog. Eu mesma espero que ele dê em absolutamente nada. Você leitor esperto e cheio de malícia deve estar discordando de mim e pensando consigo mesmo no fundinho do seu coração maldoso 'babaca, ninguém cria um blog sem propósito' e eu devo concordar com você. NINGUÉM faz isso mesmo, no entanto, também sou a favor daquela ideia de que fazer as coisas com comprometimento e por puro prazer são mais legais que criar expectativas acerca daquilo ou daquilo outro lá, porque isso me mantem com o pés no chão e essa pessoa aqui meu caro, já é por demais sonhadora, ela não deseja de forma algum subir de status e virar megalomaníaca.

Enfim, esse blog existe só p/ eu ser feliz, o que infelizmente, bem infelizmente mesmo não é recíproco ao leitor. Afinal de contas, você já viu o tamanho desse texto? Sim, eu falo DESESPERADAMENTE. E não é algo que pretendo mudar. Também não é algo que agradará a roqueiros e coloridos, por assim dizer. Então, se você gosta de ler e a fadiga não te carrega embora na metade de um texto por mais boring que ele seja, MI CASA SU CASA.

Ah e obrigada pela visita (ainda que a gente nunca mais se veja)